"Porque, na verdade, não evoluímos do macaco atual, e sim de um
antepassado em comum", explica Neuza Reja Wille de Lima, professora de
biologia evolutiva da Universidade Federal Fluminense. Ainda não se sabe
exatamente como era esse primata ancestral, apelidado na cultura pop de
"elo perdido". Apenas que ele existiu há 80 milhões de anos e que, a
partir dele, seguindo a teoria da seleção natural de Charles Darwin
(1809-1882), desenvolveram-se paralelamente o ser humano e todos os
macacos que conhecemos. Assim como o homem, os macacos sofreram uma
série de evoluções para chegar às espécies atuais.
Cada macaco no seu galho
Conheça algumas espécies na evolução dos primatas
A árvore da vida
Este esquema, utilizado na biologia, se chama árvore filogenética.
Ele simplifica* o processo evolutivo de uma ou mais espécies. Cada
bifurcação na linha indica um momento (nem sempre definido com precisão
pela ciência) em que indivíduos de uma espécie sofreram uma mutação e,
ao longo de milhares de anos, acabaram gerando outra espécie distinta.
Tatatatatataravô
O Dryopithecus foi um gênero de primatas que viveu há 26 milhões de
anos e originou tanto hominídeos (antepassados do ser humano atual)
quanto macacos. Tinha dentes caninos maiores do que os do homem, mas
menores do que os de outros primatas. Seus membros eram mais curtos e o
crânio menos desenvolvido que o dos macacos atuais. Habitava florestas
na África.
O impostor
Provavelmente parecido com o orangotango, o Ramapithecus existiu entre
16 e 5 milhões de anos atrás. Só foi identificado nos anos 60, apesar de
seus fósseis terem sido encontrados em 1932, na Índia. Por causa dos
dentes pequenos, pensou-se que era uma espécie de "transição" entre
homens e macacos. Mas essa distinção só ocorreu entre 6 e 8 milhões de
anos atrás.
Quase humanos
O Australopithecus é, provavelmente, o parente mais próximo dos humanos
atuais. Esse gênero de hominídeo englobava diversas espécies que
viveram entre 5 milhões e 11 mil anos atrás. Como nós, andavam em duas
pernas e tinham caninos pequenos, mas eram baixos (1,50 m) e seu cérebro
era menor. O fóssil mais famoso se chama Lucy e foi achado na Etiópia,
em 1974.
Segunda divisão
Por algumas décadas, cientistas achavam que o Homo neanderthalensis
(acima) também era um Homo sapiens. Após pesquisas, ele foi
reclassificado como outro tipo de hominídeo, que conviveu com o sapiens
(e, suspeita-se, até cruzou com ele). Era baixo (1,64 m, em média), com
rosto anguloso e comprido e um grande nariz. Surgiu há 300 mil anos, na
Europa e na Ásia.
Enfim, nós
O Homo sapiens (homem sábio, em latim) foi a única espécie de
hominídeos que não se extinguiu. Sim, somos nós! Os "sabichões" surgiram
há cerca de 300 mil anos e consolidaram os traços físicos atuais há 50
mil anos. Têm o cérebro altamente desenvolvido, andam em duas pernas,
têm dentes pequenos, adoram bacon e ainda não compreendem as mulheres.
Nossos brothers
Há muitas evidências de que compartilhamos um ancestral com os macacos.
Por exemplo, os chimpanzés africanos têm a mesma disposição de órgãos
internos, o mesmo número de ossos e quase a mesma configuração genética
que o homem (98% de semelhança). E, claro, o polegar opositor, que
permite segurar objetos com precisão e transformá-los em ferramentas.
*Esta é uma árvore filogenética resumida, porque não inclui todas as espécies de primatas conhecidas
Fonte Livros A Origem das Espécies, de Charles Darwin, e Biologia para Leigos, de Donna Rae Sigfried; sites Encyclopedia Britannica, Revista Pesquisa Fapesp, PBS, BBC, Universidade de Berkeley e Smithsonian Natural History Museum
0 comentários